Deixa Nilópolis cantar
Pela nossa independência, por cultura popular

O enredo que comemora o outro lado da Independência do Brasil – não o 7 de setembro de 1822, mas o 2 de julho 1823 – resultou num dos sambas mais incensados do pré-carnaval. Com uma melodia valente e uma letra que além de traduzir muito bem o enredo convida ao canto do nilopolitano – não que isso seja necessário, a comunidade da Beija-Flor canta forte qualquer coisa -, o grande ensaio técnico era só questão de tempo.

Inclusive, André Rodrigues, carnavalesco da escola, e Mauro Cordeiro, pesquisador do enredo, estavam cantando o samba do ano como se não houvesse amanhã bem ao lado da linha de “início” da Sapucaí. Cada componente que passou pela avenida recebeu um sopro de energia da dupla.

Sobre a parte musical. Esse ano tem novidade no carro de som da Deusa da passarela: Neguinho da Beija-Flor, veterano que empunha o microfone da escola ininterruptamente desde 1976, dividirá a responsabilidade com ninguém menos que Ludmilla.

Neguinho da Beija-Flor posa para fotos enquanto Ludmilla dá uma última olhada no celular | foto: Gabriela Silva

A estrela estava empolgada em sua estreia e sua voz se fez notar sobretudo nos cacos.

A parte musical é complementada pela irretocável bateria dos mestres Rodney e Plínio, uma das poucas na cidade que ainda usa frigideiras. Plínio está desde 1998 à frente dos ritmistas de Nilópolis, e a partir de 2010 conta com o apoio luxuoso de Rodney.

Os ritmistas da Beija-Flor durante apresentação para o setor 1 | foto: Gabriela silva

A dupla tem por tradição manter um andamento apoiado no ritmo, sem grandes firulas, com bossas pontuais. No ensaio técnico não foi diferente. A certa altura, porém, a bateria fez uma paradona, e por uma passada inteira a comunidade segurou o samba sozinha no gogó.

Sem dúvidas um dos grandes momentos dos ensaios técnicos de 2023.

Ademais, tem novidade na bateria nilopolitana: depois de ser escolhida para suceder Raissa de Oliveira, que reinou na Soberana por duas décadas, Lorena Raissa fez sua estreia definitiva na Sapucaí durante o ensaio.

Selminha Sorriso e Claudinho evoluíram com a garra e qualidade de sempre. O casal está junto há incríveis 30 carnavais – efeméride comentada pela dupla em entrevista à Bicuda – e desde 1996 defende o pavilhão da Beija-Flor.

Selminha Sorriso e Claudinho evoluem para o público do setor 1 | foto: Gabriela Silva

Por fim, destaco as imagens que estamparam os tripés que marcam o posicionamento dos carros alegóricos. Cada um trazia a imagem de uma figura conhecida por reivindicações em sua área de atuação – meio ambiente e combate ao racismo, por exemplo. Conceição Evaristo, Ailton Krenak e Glória Maria foram algumas destas personalidades.

Com um enredo brilhante, construído em parceria com diversos setores da sociedade civil, um samba arrasa-quarteirão e segmentos que já deram um caminhão de títulos para a comunidade, a Beija-Flor se impõe como uma das favoritas ao título de 2023.

A escola é a quinta a desfilar na madrugada de segunda (20).

By Thales Basilio

Thales Basílio é editor e redator, formado em Relações Internacionais e Estudos Estratégicos pela UFF com pesquisa em carnaval carioca. Desde 2022 integra o time da Bicuda.

One thought on ““A revolução começa agora”! A Beija-Flor é a penúltima escola a ensaiar na Marquês de Sapucaí”
  1. Parabéns Thales Basílio pelo texto otimista, alegre e pra cima! Aliás, falar de Beija flor de Nilópolis é isso, um misto de alegria e esperança em um futuro melhor sempre!!! O futuro chegou e será comemorado em grande estilo por todos na Sapucaí!!! A Rádio Bicuda FM não poderia deixar de registrar seu contentamento e gratidão pelo trabalho primoroso dessa equipe fantástica! Bora ser feliz!???

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