(Foto: reprodução/Rio Carnaval)

Todo carnaval tem seu fim.

O último dia de Grupo Especial foi inaugurado pela Mocidade, que abriu a noite entregando o que prometeu: um desfile pra lá de animado e irreverente. Além do samba, o grande destaque da escola foi a comissão de frente, que “quebrou a quarta parede” e levou parte da apresentação pras arquibancadas. Golaço!

Eu gostei mais da Mocidade que de metade do grupo – mesmo com os deslizes em plástica e enredo -, mas o júri deve ser conservador. Os independentes provavelmente vão pegar um nono lugar e é isso.

A Portela passou logo na sequência e colocou todo mundo pra chorar com um desfile arrebatador. O encontro de Luísa Mahin e Luiz Gama na comissão de frente e o último carro, que trazia mães de jovens negros vitimados pela violência urbana, são imagens difíceis de esquecer.

Não fosse alguns problemas em alegoria a escola poderia sonhar com o título.

Terceira escola a se apresentar, a Vila Isabel reeditou o histórico enredo de 1993. Com o Gbala, mais uma vez a agremiação foi vítima das péssimas escolhas do Paulo Barros: aquelas latrinas no primeiro carro são uma violência, Marcinho e Cris foram obrigados a dançar no escuro e o homem ainda botou Oxalá em cima de um tripé preto. Além disso, Macaco Branco começou o desfile botando a bateria pra marchear, sendo obrigado a corrigir o ritmo com poucas passadas do samba.

Como ano passado, a escola faz desfile pra ficar na rabeira mas é incensada como postulante ao caneco. Eu não tanko.

A Mangueira foi a quarta escola a se apresentar, e o desfile em homenagem à Alcione foi um delírio. Quesitos musicais executados com excelência, uma comunidade mordendo o chão e ótimo desenvolvimento de enredo. Desfile muito forte sobre uma das maiores artistas que esse país produziu.

Defeitos em acabamento e uma evolução aquém devem afastar a manga da disputa pelo título, mas é desfile pra voltar sábado.

Penúltima escola a se apresentar, o Tuiuti entrou na avenida tentando dar um salto de qualidade em relação ao bom desfile de 2023. O Paraíso tinha a seu favor um sambão e a melhor bateria em atividade no carnaval carioca. Com um desenvolvimento de enredo didático e emocionante, a agremiação apresentou sérios problemas em evolução e acabamento de alegoria.

Tuiuti tem quesito, mas o júri não deve ser complacente. Não me surpreenderia se a azul e amarelo abrisse a segunda do ano que vem.

Fechando o carnaval carioca, a Viradouro fez um desfilaço falando do vodum serpente e da força feminina nas religiões de matriz afro. A harmonia foi perfeita, a escola evoluiu como uma máquina e o conjunto plástico era irretocável.

Tirante o desenvolvimento truncado do enredo – era Oxumaré? Filme de Hollywood? Negritude feminina? -, é muito difícil encontrar onde despontuar a escola.

Palpites

Minha campeã é a Imperatriz, mas acho muito difícil que o título não vá parar em Niterói – o que sempre foi minha aposta. Grande Rio é pule de dez no top 3, e conforme for a escola pode até disputar o caneco.

Beija-Flor, Portela e Mangueira fecham meu top 6. Do jeito que o júri da LIESA é, a Vila Isabel deve desbancar alguém nesse bolo – provavelmente a Portela.

A Porto da Pedra provavelmente já seria rebaixada fazendo tudo certo, então os problemas em alegoria e o gravíssimo erro em evolução vão afundar de vez a escola. Se o julgamento dependesse de mim, provavelmene a Tijuca iria de São Clemente com o buraco da GRESUPP e tudo.

Agora é aguardar a abertura dos envelopes amanhã.

By Thales Basilio

Thales Basílio é editor e redator, formado em Relações Internacionais e Estudos Estratégicos pela UFF com pesquisa em carnaval carioca. Desde 2022 integra o time da Bicuda.

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