Esse ano, além da Porto da Pedra, recém-chegada ao primeiro grupo após uma década distante, calhou da Mocidade também fazer seu teste para o carnaval 2024 na estreia dos ensaios técnicos.

Mocidade que foi parar até na CNN tamanha a repercussão do seu samba-enredo pro próximo carnaval.

Embalada por um trabalho de ponta de sua equipe de marketing, a escola conseguiu fazer seu samba – que, convenhamos, não é nenhum primor – estourar a bolha e se tornar o grande hit do pré-carnaval na cidade do Rio.

Não bastasse o efeito Opurosucodofrutodomeuamor, a Mocidade ainda prometeu distribuir milhares de litros de suco de caju ao longo da noite de domingo.

Por isso, tudo indicava que essa não seria uma primeira noite de ensaios comum.

O furdunço começou já com o credenciamento da imprensa. Os representantes dos veículos que cobririam a noite, além de aguentarem uma espera injustificada, ainda foram realocados pra lá e pra cá antes de conseguirem suas pulseiras.

(Não que isso garantisse uma noite de trabalho tranquila, já que fui barrado de pulseira e tudo)

Depois esse perrengue, após a apresentação das escolas mirins e com atraso, a Porto da Pedra fez seu teste.

Embalada por seu samba sobre o Lunário Perpétuo e a influência da obra no Nordeste – um dos que mais gosto de ouvir, registre-se – a escola de São Gonçalo fez um ensaio muito competente.

Além da comunidade, que desfilou vibrante e cantando o samba com força durante quase toda a apresentação, o ponto alto da passagem gonçalense foi a bateria de mestre Pablo. Com destaque para a cozinha e os chocalhos, a Ritmo Feroz imprimiu um andamento um pouco mais cadenciado para o samba, favorecendo o canto e a interpretação do sempre brilhante Wantuir.

E ainda antes do fim do ensaio da Porto da Pedra a Mocidade começou seu sacode.

Assim que os primeiros integrantes da escola cruzaram a esquina do Sambódromo o setor 1 começou a cantar o samba independente. Foi assim, no gogó, que a comissão de frente se apresentou na área de armação.

E conforme o tempo andava, a escola se organizava e a bateria aquecia para o início dos trabalhos, a arquibancada continuava puxando Meu caju, meu cajueiro.

Eis que descobrimos o motivo do atraso: o carro de som teve problemas, e após várias tentativas de calibrar os microfones ele precisou ser substituído.

Vários esporros do Zé Paulo, um pedido de desculpas do presidente da Liga e 1 hora de atraso depois, a Mocidade começou sua passagem. Primeiro com Vira Virou, a Mocidade chegou, depois com o samba do caju.

E aí, bem: a Sapucaí veio abaixo

Não tinha um componente sequer que não passasse pulando e gritando o samba-enredo da escola a plenos pulmões.

Mesmo com os problemas no carro de som, a comunidade se apoiou na grande bateria de mestre Dudu, mais uma a passar num ritmo mais cadenciado. Com a sempre deliciosa marcação e um belo desenho de tamborins, os legionários de mestre André ainda contaram com uma ala de chocalhos fantasiada inteirinha de Carmem Miranda.

Na saída da Sapucaí, para onde se andava tinha gente puxando o samba da escola.

Que delícia ver a Mocidade se reencontrando a partir de um enredo tão lúdico e singular.

Ao fim e ao cabo, uma abertura de ensaios técnicos inesquecível.

By Thales Basilio

Thales Basílio é editor e redator, formado em Relações Internacionais e Estudos Estratégicos pela UFF com pesquisa em carnaval carioca. Desde 2022 integra o time da Bicuda.

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