Da redação: Wander Timbalada
Só o Carnaval Carioca tem o poder de nos presentear com grandes acontecimentos apresentados nessa mágica passarela do Samba, chamada Marquês de Sapucaí e o que venho falar pra vocês faz parte dessa história escrita pelas maravilhosas Escolas de Samba.
Nesse ano de 2022 a GRES Acadêmicos do Grande Rio de Caxias conquistou o Título de Campeã do Carnaval Carioca com o tema “Fala Majeté, as Sete Chaves de Exú” . Na verdade vindo desmitificar e quebrar as correntes do preconceito religioso, diante desse orixá em suas diversas manifestações.
E assim abre os cadeados e as portas para o tão necessário e esperado esclarecimento à cerca das várias deturpações da sua verdadeira imagem e ação dentro do “Sagrado” da nossa rica Religião da Cultura de Matriz Africana ( Omoloko, Umbanda e Candomblé ).
Mas essas conquistas não começam em 2022 não, a GRES Acadêmicos do Grande Rio começou a escrever essa história em 1992 , com um viés voltado a Cultura Africana, através do fantástico Enredo “Águas claras para um Rei Negro” de autoria dos Carnavalescos Lucas Pinto e Sonia Regina; Com um dos melhores sambas enredos dos anos 90, que leva as assinaturas dos compositores: G. Martins, Adão Conceição, Barbeirinho, Queiroz e Nilson kanema.
“Foi a hora de seguir com fé e pedir axé para o Deus maior, porque para ser livre, nunca é tarde demais, onde há fé e esperança a crença não se desfaz ”.Desse ano em diante a Grande Rio selou de vez o seu passaporte para fazer parte da elite do Carnaval Carioca permanecendo no grupo especial até essa data do seu triunfante Título de 2022. A força latente dos Deuses africanos abençoaram a escola que teve bravura, competência e determinação para lutar pra vencer.
Foram 30 anos em busca de um título no grupo especial e outra vez recorrendo a essas forças magníficas, ela chega a tão sonhada e desejada vitória, que chega também para revelar de uma vez por todas a verdadeira imagem de Exu que durante muitos anos foi erroneamente passada para pessoas se relacionando com a figura do Diabo, coisa que não é verdade, mas que foi usada pela igreja católica durante muitos anos sem ter uma defesa do povo de axé, dando as devidas explicações e esclarecimentos sobre isso.
Exú orixá da Dinâmica da vida, o grande mensageiro, o senhor que abre portas e caminhos, a boca que tudo come e o primeiro a comer, responsável pela sensualidade e jovialidade o apaziguador das relações e o grande formador de opiniões.
Bem, se não era de conhecimento de todos a partir de agora será de conhecimento de muitos, que o Cristianismo moldou a figura do Satanás para combater outras religiões.
Alguém escreveu torto por linhas direitas propositalmente para desconstruir uma imagem e construir outra.
Nas escrituras sagradas da Bíblia antiga fala -se sobre Moisés e os cornos de Deus. O Deus do antigo testamento, conhecido por Yahveh ou El, foi por diversas vezes retratado como o possuidor de cornos e outras qualidades mitológicas. A maioria das traduções do antigo testamento tentam esconder estas qualidades, pois não reconhecem um Deus invisível criador do mundo …
Falemos então, inicialmente de Balaão, um profeta que tem por conceito e visão, um “Deus que é um touro de guerra”. Balaão é reconhecido como um admirador especial das qualidades de Yahveh:
Números 22:23 ( João Ferreira de Almeida)
(*(É Deus que os em tirando do Egito; as suas forças são como um boi selvagem.
Números 24:8 ( João Ferreira de Almeida )
(*É Deus que os vem tirando do Egito; as suas forças são como um boi selvagem; ele devora as nações, seus adversários, lhes quebrará os ossos e com a sua seta os atravessará.
Este personagem Balaão descreve o Deus dos Israelitas com as qualidades de um touro de guerra.
Os cornos contagiosos:
Moisés quando desceu do Monte Sinai, trazendo nas mãos as duas tábuas do testemunho, não sabiam que a pele do seu rosto resplandecia, por haver Deus falado com ele ( … ) assim, pois os filhos de Israel ao ver resplandecido o rosto de Moisés, cobriam –no com um véu ao entrar para falar com Deus.
(*O tradutor neste caso João Ferreira de Almeida trocou os cornos por resplandecimento
Noutras traduções aparecem “raios de luz” mas na tradução para o latim – a Vulgata Latina do Século IV – ainda eram visíveis os cornos no texto.
Êxodos 34 :29-35 ( Vulgata Latina )
Cumque dencederet Moses de monte Sinai tenebat duas tabulas testimonii et iginoradat quod cornuta esset facies sua ex consortio Semonis Dei ( … ) qui videbant faciem igredientis Mosi esse cornutam sed operiebat rursus ille faciem suam si quando loquebator and eos.
É de suma importância fazer tais citações históricas, como forma de ligação direta com o Velho Testamento, para que se possa entender a relação do chifre de Exú vistos como demoníacos.
Essa é a elucidação que com essa vitória do Acadêmicos do Grande Rio nos fez ficarmos muito tempo calados, mas chegou a hora de botar pra fora o que nos intalava e nos defender, pois Exu não é o mal e sim o bem que nos faz vencer.
Alupô Exú Bara, adake Exú, laroiê todos os Exús, alupandê aos ekurus e todo o povo de rua existentes na terra.
Asé Mojubá!!! Sr. Jader Soares e Acadêmicos do Grande Rio Titi kiniun yoo fini awon itan-akoole
Won itan ode yoo se ogo fum awon ode
Tradução: “ Saudações Senhor Jader Soares e Acadêmicos do Grande Rio, enquanto os leões não tiverem seus historiadores, as histórias de caça glorificação
Os caçadores “.