A União do Parque Acari abriu os desfiles de sexta pontualmente às 21h – ponto para a organização. Numa visão geral, a escola fez uma boa apresentação: um conjunto de fantasias competente, alegorias interessantes e uma evolução sem percalços. Visto no detalhe, porém, a apresentação teve problemas. A comissão de frente apresentou um passo muito desencontrado, além de trucagens que tinham uma execução enroscada. O primeiro casal, Vinícius Jesus e Layane Ribeiro, desenvolveu um bailado sem sincronia e com pouquíssimo vigor. A harmonia foi fraca ao longo de todo o desfile. De positivo, destacam-se o abre-alas e a boa bateria dos mestres Daniel Silva e Erik Castro.

A escola deve se salvar sem sustos.

A segunda escola a se apresentar foi o Império da Tijuca. O primeiro império do samba fez um desfile muito complicado, começando pelo básico: a escola não conhece o regulamento. É proibido utilizar instrumentos de sopro durante a apresentação; eis que a escola coloca dois candangos tocando promete no último carro – e sem nenhum propósito maior dentro do enredo. Esse não foi o único problema na parte musical, pois a bateria de mestre Jordan também não teve boa passagem.

Somando problemas em praticamente todos os quesitos, e contando ainda com outros agravantes – o último carro pegou fogo em plena avenida, por exemplo -, a escola se coloca como a primeira forte candidata ao descenso.

Vigário Geral deu sequência à primeira noite de desfiles da Série Ouro. Com um interessante enredo sobre Maracanaú, a escola tinha a missão de sair do lugar-comum e traduzir com qualidade um enredo junino. Ela contou com um bom conjunto de fantasias, uma feliz apresentação do primeiro casal, Diego Jenkins e Thainá Teixeira, e uma grande noite da bateria de mestre Luygui – ponto alto do desfile. Por outro lado, o conjunto alegórico de Vigário era bem aquém, a comissão de frente carregava um péssimo tripé e o enredo foi desenvolvido de forma bastante genérica.

Desfile pra se salvar, e só.

Quarta escola a se apresentar, a Inocentes de Belford Roxo desfilou em um dos momentos mais delicados de sua história. O racha entre a diretoria e a prefeitura da cidade gerou diversas complicações, como a perda da quadra e o interdito a ensaios no município. Sobre o desfile: foi de altos e baixos. O enredo da Inocentes era simpático, gerou um bom conjunto de fantasias, mas o desenvolvimento não foi dos melhores e o conjunto de alegorias era irregular. Além disso, a escola também apresentou problemas em harmonia e evolução.

Desfile pra metade de baixo da tabela.

Depois da caçulinha veio a Estácio de Sá. E o recado do berço do samba foi claro: um bom trabalho musical contorna deficiências em outros quesitos. Se o enredo da escola era um tanto genérico e a comissão de frente teve problemas, samba, harmonia e bateria – mesmo em se levando em conta o andamento afrevado imposto pelo mestre Chuvisco – deram o recado. A impressão final foi de uma boa apresentação da Estácio.

O estouro do tempo e a eventual penalização pelo não acoplamento do abre-alas, infelizmente, podem custar à escola posições melhores.

A tão aguardada União de Maricá veio logo na sequência. E, ó: o desfile foi um sacode. Pisando a Sapucaí pela primeira vez, a escola não se intimidou. Com direito a torcida organizada no setor 1, Maricá trouxe pra a Sapucaí um conjunto plástico invejável, uma bela comissão de frente e uma bateria muito competente. Nem os quesitos mais delicados para estreantes, como harmonia e evolução, foram problema; muito pelo contrário. Enfim, a escola sobrou na noite.

Quem quiser subir, vai ter que ganhar de Maricá.

Caminhando pro fim das apresentações, a Acadêmicos de Niterói trouxe pra Marquês de Sapucaí um enredo sobre as tradições do norte de Minas. A escola detém um dos maiores orçamentos do grupo, e por isso costuma defender com competência os quesitos plásticos; em 2024 não foi diferente. Porém, Niterói ainda precisa evoluir em quesitos de chão, principalmente evolução – que esse ano foi extremamente arrastada. Vale destacar que a agremiação foi uma das que mais utilizou a nova iluminação do sambódromo, especialmente durante a apresentação da comissão de frente – que teve problemas de execução.

Desfile de meio de tabela.

Encerrando a primeira noite de desfiles na Sapucaí, a Unidos da Ponte apresentou um enredo sobre o dendê. A escola de São João de Meriti fez uma apresentação simpática, com um bom conjunto alegórico e harmonia bastante superior aos anos anteriores. Kléber Simpatia, em seu segundo ano na agremiação, viveu novamente noite de gala.

Com problemas no desenvolvimento da comissão de frente e rusgas entre bateria e direção de harmonia, a escola não sonha com o acesso; é possível, porém, que ela fique na metade de cima da classificação.

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By Thales Basilio

Thales Basílio é editor e redator, formado em Relações Internacionais e Estudos Estratégicos pela UFF com pesquisa em carnaval carioca. Desde 2022 integra o time da Bicuda.

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