Dos Desfiles Engajados às Surpresas nos Bastidores – Uma Odisseia Carnavalesca que Definiu Gerações e Transformou o Sambódromo em Palco de História e Resistência no Carnaval Carioca
Ao celebrar quatro décadas, o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, também conhecido como “Passarela Professor Darcy Ribeiro”, homenageando um notável intelectual brasileiro, emerge como um ícone político-cultural que transcende sua função primária de palco para os desfiles carnavalescos. Inaugurado durante o governo de Leonel Brizola, o espaço não apenas acolhe a efervescente celebração anual, mas foi originalmente concebido para abrigar um complexo educacional composto por 160 salas de aula.
O Carnaval, uma das maiores manifestações populares do Brasil, enfrenta historicamente críticas de setores intelectuais, especialmente em fevereiro, quando tentativas falaciosas de associá-lo à alienação das massas ou desprovido de caráter político se intensificam.
Desde sua inauguração, o Sambódromo da Marquês de Sapucaí tornou-se palco de manifestações políticas através dos desfiles das Escolas de Samba.
Em 1988, no centenário da Abolição da Escravatura, Mangueira e Vila Isabel destacaram a resistência da população negra e denunciaram a pobreza nas comunidades carentes. No ano seguinte, a Beija-Flor abordou desigualdades sociais, enquanto em 1990, a São Clemente alertava para a mercantilização crescente do carnaval.
Em 1998, a modelo Luma de Oliveira causou polêmica como rainha de bateria da Tradição ao usar uma coleira com o nome de seu então marido, o empresário Eike Batista.
A emoção também tomou conta de quem esteve na Sapucaí em 1999. A comissão de frente da Mangueira, liderada por Carlinhos de Jesus, representou os bambas do céu, homenageando figuras como Candeia, Carmen Miranda, Cartola, Clara Nunes, entre outros.
Os anos 2000 testemunharam a Vila Isabel cantando a latinidade, em contraste com outras nações, enquanto a Paraíso do Tuiuti, em 2018, expôs o golpe contra Dilma Rousseff, vinculando o período escravocrata ao desmonte da CLT no governo Temer.
Em 2001, os holofotes foram para o homem-foguete da Grande Rio, que voou na Sapucaí. Já em 2004, o carro do DNA marcou o desfile da Unidos da Tijuca, seguido por truques de ilusionismo em 2010.
O período foi marcado pelo desfile da Portela em 2005, em que a velha-guarda ficou de fora após o presidente Nilo Figueiredo fechar os portões. Jamelão, após 57 anos à frente do microfone da Mangueira, comandou o carro de som pela última vez em 2006.
Em 2009, Neguinho da Beija-Flor se casou no Sambódromo durante o intervalo entre escolas, enquanto em 2013, a Mangueira levou duas baterias para a passarela.
O ano de 2012 marcou a conclusão do projeto original do Sambódromo, após a demolição de uma antiga fábrica de cerveja. O arquiteto Oscar Niemeyer visitou as obras antes de falecer aos 104 anos.
Outros momentos inusitados levantaram as arquibancadas da Sapucaí. Em 2015, a Unidos da Tijuca levou patinadores de gelo, enquanto a Portela surpreendeu com paraquedistas pousando na Marquês de Sapucaí. Naquele mesmo ano, o símbolo da escola, a águia, inspirada na estátua do Cristo Redentor, encantou ao se abaixar nas proximidades da torre de transmissão.
Em 2016, a Mangueira homenageou Maria Bethânia, e em 2017, acidentes marcaram as noites do Grupo Especial. O Tuiuti chamou a atenção em 2018 com um vampirão, e em 2020, a Viradouro tirou o fôlego dos torcedores ao levar uma sereia à Avenida. Neste mesmo ano, Elza Soares foi homenageada pela Mocidade, falecendo em janeiro de 2022, aos 91 anos. No último carnaval pré-pandemia, a Acadêmicos de Vigário Geral trouxe um palhaço presidencial, e a Mangueira questionou: E se Jesus nascesse hoje? Negro, pobre, favelado, indígena, LGBT ou mulher?
Em 2022, a Grande Rio conquistou seu primeiro título do Grupo Especial, com enredo sobre Exu. Naquele mesmo ano, a Mocidade desfilou com ritmistas carecas, incluindo a rainha de bateria Giovana Angélica.
O Carnaval 2023 foi marcado pela ausência de Quinho, intérprete histórico do Salgueiro, e a Imperatriz falou sobre Lampião, tendo a presença ilustre de sua filha, Expedita Ferreira, aos 90 anos.
A TV Globo, em homenagem aos 40 anos do Sambódromo, apresenta o programa “Apoteose do Samba”, reunindo representantes das 12 escolas do Grupo Especial para relembrar momentos emblemáticos. Transmitido neste sábado, 3 de fevereiro, o programa destaca a importância do Sambódromo na formação do Carnaval carioca, com Mariana Gross e Milton Cunha como anfitriões, junto a uma bateria formada por 10 integrantes de cada escola.
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